domingo, 29 de agosto de 2021

Gyroscopio 69 – Programa 151 – 29/08/2021

Gyroscopio 69 – Programa 151 – 29/08/2021
Limite 2.12


Ann Margret - Smash The Mirror
Arthur Brown - Fanfare - Fire Poem
Bert Jansch - The Waggoner's Lad
Big Mama Thornton - Hound Dog

Bill Deal and the Rhondels - I´ve Been Hurt - 1969
Bill Haley & His Comets - Rock Around The Clock (1955) HD
Billie Davis - I Want You To Be My Baby
Billy J. Kramer - Do You Want To Know A Secret

Black Sabbath - Orchid
Bob Dylan - You're No Good
Bobby Darin - Splish Splash
Buddy Holly - Oh Boy!

Ciro Pessoa - No Meio da Chuva Eu Grito HELP
Cólera - Subúrbio Geral
Delinquentes - Reflexão de Um Verme
Joelho de Porco - Hey Gordão

Carl Perkins - Blue Sued Shoes
Chicory Trip - Barbara Ann
Cream - Dreaming
Creedence Clearwater Revival - Travelin' Band

Deep Purple - Fault Line
Eddie Cochran - C'Mon Everybody
Elvis Presley - Johnny B. Goode
Emerson, Lake & Palmer -The Hut Of Baba Yaga

Eve - So Tired
Fenderman & Black Cat - Peter Gunn
Finch- The Casket of Roderick Usher
Focus - Delitae Musicae

Loyce e Os Gnomos - Que é Isso
Lulu Santos - Areias Escaldantes
Made In Brazil - A Mina
Novos Baianos - Ferro Na Boneca

Gene Simmons - Crazy Woman
Hawkwind - Paranoia Part 1
Hole - Hungry Like The Wolf
Iggy Pop - Dog Food

Janis Joplin - Coocoo
Jerry Lee Lewis - Great Balls of Fire
Jerry Reed - Welcome To Nevada
Jesse James - South's Gonna Rise Again

John Lennon - Hold On
Led Zeppelin - Black Mountain Side
Little Richard - Good Golly, Miss Molly
Maurice Williams & The Zodiacs - Stay

O Terço - Descolada
Os Mutantes - Panis Et Circenses (Reprise)
Patrulha do Espaço - Ruas Da Cidade
Piry - Herói Moderno

Merle Travis - Sixteen Tons
Mink DeVille - Gunslinger
Mystics - White Cliffs Of Dover
Nico - Le Petit Chevalier

Patsy Cline - Stupid Cupid
Paul McCartney & Wings - Single Pigeon
Pink Floyd - The Scarecrow (Mono)
Ramones - Spider-Man

Ritchie Valens - Ooh! My Head
Slade - Heaven Knows
The Beatles - Golden Slumbers
The Birds - Wasn't Born To Follow

Raimundos - O Toco
Raul Seixas - Caminhos
Robertinho de Recife - Fantasia Preto e Prata
Rogerio Skylab - Carne Humana

The Chordettes - Lollipop
The Eric Burdon Band - All I Do
The Everly Brothers - Wake Up Little Susie
The J. B. Pickers - Super Soul Theme

The Jokers - Drina March
The Marcels - Blue Moon
The New Vauduville Band - Winchester Cathedral
The Runaways - Lovers

The Searchers - Love Potion Number 9
The Shes - The Fool (1966)
The Swinging Blue Jeans - Hippy Hippy Shakes
The Trashmen - Surfing Bird

Secos & Molhados - Prece Cósmica
Titãs - Nome Aos Bois
Vlad V - Salamandra
Walter Franco - Apesar de Tudo É Muito Leve

The Ventures - Hawaii 5.0
Tommy Lam - Speed Limit
Wanda Jackson - Funnel of Love
Yes - We Have Heaven

domingo, 22 de agosto de 2021

Gyroscopio 69 – Programa 150 – 22/08/2021

Gyroscopio 69 – Programa 150 – 22/08/2021

1. Bob Dylan - Murder Most Foul 2020 16.54
2. Focus - Hamburger Concerto 1974 20.20
3. Genesis - Supper's Ready 1972 23.05
4. Hawkwind - Brainstorm (Space Ritual) 1973 13.46
5. Lou Reed e Metallica - Junior Dad 2011 19.28
6. Miles Davis -  Pharaoh's Dance 1969 20.06
7. Passport - Cross-Collateral 1975 13.33
8. Pink Floyd - Alan's Psychedelic Breakfast 1970 13.00
9. Rush – 2112 1976 20.33

domingo, 15 de agosto de 2021

Gyroscópio 69 - Politicamente Incorreto ao CUbo

 


Bloco 1

"Politicamente correto é utilizado como um título para classificar algo ou alguém que segue as normas e leis estabelecidas por uma instituição oficial.

Normalmente, quando se fala em “politicamente correto”, refere-se a neutralização de uma linguagem ou discurso, evitando o uso de narrativas estereotipadas ou que possam fazer referências as diversas formas de discriminação existentes, como o racismo, o sexismo, a homofobia e etc.

Em contrapartida, existe a ideia do politicamente incorreto. Nesta perspectiva, toda a precaução em evitar o uso de termos, por exemplo, que possam ofender determinadas camadas ou grupos sociais, é considerada estúpida e totalmente ignorada.

Os discursos politicamente incorretos são bastante comuns no humor, que exploram assuntos considerados tabu pela sociedade, desconsiderando princípios clássicos da moral, da ética e dos bons costumes." ("Significados")

https://www.significados.com.br/politicamente-correto/

 

01 - Caught with the Meat in Your Mouth - Dead Boys

No contexto do punk rock, não diferentemente de outros gêneros musicais, mulheres geralmente são objetos meramente sexuais e descartáveis. É óbvio que muitas dessas mulheres aceitavam essa objetificação, em troca de alguma fama e dinheiro. Ao final de tudo elas acabavam sem ambas as coisas.

“Você adormeceu com a carne entre as suas cavidades e uma caixa de água nos joelhos. Todo mundo sabe que você foi pega com a carne na boca. Eu disse que todos sabem que você foi pega com a carne na boca.” Carne = pênis; sexo; sexo oral, boquete.

02 - Run for Your Life - The Beatles

Já foi permitido por lei, aqui no Brasil, matar uma mulher que traísse. E mesmo anos e anos depois disso ser proibido, em média, a cada quatro horas, uma mulher é morta no Brasil por alguém que é próximo dela, normalmente um cônjuge. Portanto, na letra de “Corra Por Sua Vida”, é muito difícil ver o humor que muitas vezes alegam que músicas do teor têm.

“Bom, eu preferia te ver morta, garotinha, do que te ver com outro homem. Melhor ficar esperta, garotinha, ou você não vai saber que estou aqui. Melhor correr por sua vida, garotinha. Se esconda, garotinha. Se eu te pegar com outro homem, é o seu fim, garotinha.”

03 - One in a Million - Guns N’ Roses      

A banda externa na música um sentimento que é muito comum em lugares que recebem muitos imigrantes e seus hábitos culturais considerados exóticos e até ameaçadores.

“Imigrantes e bichas não fazem sentido para mim. Eles vem para nosso país e acham que podem fazer o que quiserem. Como começar um mini Irã ou disseminar doenças horríveis. Eles falam de tantas malditas maneiras. É tudo grego para mim.”

 

Bloco 2

9 Cantigas de Roda em confronto com a Constituição Federal

Por Gerivaldo Neiva

“A proposta do exercício é comparar os princípios e as garantias constitucionais com os textos das “Cantigas de Roda”. Não se trata, evidentemente, de condenar as “Cantigas de Roda”, julgá-las politicamente incorretas, ilegais ou, muito menos, de declarar a “inconstitucionalidade”, mas simplesmente oferecer uma dinâmica para compreensão dos princípios e garantias previstos na Constituição. Portanto, para evitar desentendimentos, leve tudo na brincadeira.”

I – Terezinha de Jesus de uma queda foi ao chão. Acudiram três cavaleiros todos três, chapéu na mão. O primeiro foi seu pai, o segundo seu irmão, o terceiro foi aquele que a Tereza deu a mão. Terezinha de Jesus levantou-se lá do chão e sorrindo disse ao noivo: eu te dou meu coração! Da laranja quero um gomo, do limão quero um pedaço, da morena mais bonita quero um beijo e um abraço

Um belo exemplo de igualdade, solidariedade, fraternidade e amor. Os três cavaleiros são iguais pela condição de cavaleiros e os três, “chapéu na mão”. Todos acodem uma pessoa caída e dois deles fazem parte de sua família (o pai e o irmão). Ao final, Terezinha se enamora com o terceiro cavaleiro e lhe dá o coração, ou seja, tudo termina em beijos e abraços.

1 -  Esporrei na Manivela (1995) - Raimundos

A música fala sobre um problema tão sério no Brasil que gerou a Lei de Importunação Sexual em 2018: abuso, muitas vezes sem contato físico direto, em público. Na letra, o eu-lírico conta a história de como ele entrou em um trem, colocou o pênis para fora da calça e encoxou as mulheres que estavam ali.

“O coletivo é muito bom para sarrar / Pois o povo aglomerado sempre tende a se esfregar / Com as nega véia é perna aqui perna acolá / E se a xereca é mal lavada faz a ricota suar /

2 - Ciúme (1985) - Ultraje a Rigor

A letra da canção cai em uma armadilha que tenta destruir - um cara tentando não ser machista, mas sendo extremamente machista. O eu-lírico não quer controlar a namorada, mas não gosta nem de deixá-la sair, e não quer que ela tenha amigos.

"Eu quero levar uma vida moderninha / Deixar minha menininha sair sozinha / Não ser machista e não bancar o possessivo / Ser mais seguro e não ser tão impulsivo / Mas eu me mordo de ciúme /

3 - O Rock das Aranha” (1980) - Raul Seixas

“Subi no muro do quintal / E vi uma transa que não é normal / Eu vi duas mulheres / Botando aranha prá brigar / Vem cá mulher deixa de manha / Minha cobra quer comer sua aranha / Meu corpo todo se tremeu / E nem a cobra entendeu / Como é que pode duas aranhas se esfregando / Eu tô sabendo, alguma coisa tá faltando”

 

Bloco 3

“O termo politicamente correto é usado para descrever expressões, políticas ou ações que evitam ofender, excluir e\ou marginalizar grupos de pessoas que são vistos como desfavorecidos ou discriminados, especialmente grupos definidos por gênero, orientação sexual ou cor.No discurso político e na mídia, o termo geralmente é usado como pejorativo, implicando que essas políticas são excessivas.

Esse termo tinha apenas uso disperso antes da década de 1990, geralmente como uma autodescrição irônica, mas entrou em uso mais comum nos Estados Unidos depois que foi objeto de uma série de artigos no The New York Times. O termo foi amplamente usado no debate sobre o livro de 1987 de Allan Bloom, The Closing of the American Mind, e ganhou mais uso em resposta ao livro de Roger Kimball, Tenured Radicals (1990), e ao livro de 1991 do autor conservador Dinesh D'Souza's, Illiberal Education, no qual ele condenou o que viu como esforços liberais para avançar a autovitimização, ações afirmativas e mudanças no conteúdo dos currículos escolares e universitários através da linguagem.”

Comentaristas de esquerda disseram que conservadores empurraram o termo para desviar a atenção de questões mais substantivas de discriminação e como parte de uma ampla guerra cultural contra o liberalismo nos Estados Unidos. Eles também argumentam que os conservadores têm suas próprias formas de correção política, que geralmente são ignoradas por comentaristas conservadores. (Wikipedia)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Politicamente_correto

 

II – O cravo brigou com a rosa debaixo de uma sacada; o cravo saiu ferido e a rosa despedaçada. O cravo ficou doente, a rosa foi visitar; o cravo teve um desmaio, a rosa pôs-se a chorar.

Esta “cantiga” é de uma enorme complexidade e merece estudo mais aprofundado sobre as relações humanas. (Aqui só Freud ou Jung!). De outro lado, tomando-se o caso como sendo uma “briga de marido e mulher”, o que se percebe é que o casal chegou às vias de fato e um “saiu ferido” e o outro “despedaçado”. Coisa horrível para um casal. Além disso, o reencontro também é muito complexo, pois o Cravo (ferido e doente) sofre um desmaio ao visitar a Rosa (despedaçada), que pôs se a chorar. Não seria melhor que tivessem se reconciliado após uma boa mediação?

04 - Hey Joe - Jimi Hendrix Experience

Um homem foi traído pela mulher amada e fará pagar o erro com a própria vida.

“Ei, Joe, aonde você está indo com essa arma na mão? Ei, Joe, eu perguntei aonde você está indo com essa arma na mão? / Eu estou indo atirar na minha mulher. Você sabe que eu a peguei paquerando com um outro homem.”

05 - Tonight’s the Night (Gonna be Alright) - Rod Stewart

“Vamos anjo, meu coração está em chamas. Não negue este único desejo. Você seria tola se parasse neste momento. Abra suas asas e deixe-me ir para dentro. Essa noite é a noite, e ela será perfeita. / Porque eu te amo, menina, e ninguém vai nos parar agora. /Não diga uma palavra, minha criança virgem. / Deixe apenas suas inibições escaparem. O segredo está a ponto de ser desdobrado. Suba as escadas antes que a noite chegue ao fim.”

06 - China Girl -David Bowie

Bowie e Iggy Pop escreveram esta canção sobre uma mulher vietnamita real, Kuelan Nguyen, por quem Iggy tinha uma paixão. A música é sobre um relacionamento entre o narrador da música e sua namorada asiática que é inadequadamente chamada de “garotinha chinesa”. Ele também avisa sua namorada asiática sobre arruinar sua identidade e cultura.

“Minha garotinha china, você não deve mexer comigo. Eu vou estragar tudo que você é. Eu vou te dar televisão, eu vou te dar olhos azuis. Vou te dar um homem que quer governar o mundo.”

 

Bloco 4

“Também não é intenção discutir como o texto dessas “cantigas” repercute no aprendizado e na formação das crianças. Com efeito, penso que esta não é tarefa para os juristas. Algumas situações expostas pelas “cantigas” talvez possam ser explicadas pela psicologia analítica, principalmente pela teoria dos “arquétipos”, desenvolvida por Jung. Mas, como disse antes, esta não é tarefa para juristas.”

III – Boi, boi, boi, boi da cara preta, pega esta criança que tem medo de careta boi-da-cara-preta Este boi pega crianças simplesmente por ser um boi ou porque é um “boi da cara preta”? A criança tem medo de boi ou de “careta”? Então, a cara do boi da cara preta é uma “careta”? Se for isso, a “cantiga” demonstra um sentido de discriminação pela cor da “cara” do boi e, pior ainda, ameaça uma pobre criança e transforma um animal em algo assustador. A “cantiga” induz à discriminação, vedada na Constituição, e viola também princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente.

4 – Silvia  (1995) - Camisa de Vênus

Um caso de traição sendo tratado com violência - além de um xingamento gratuito.

“Todo homem que sabe o que quer / Pega o pau pra bater na mulher / Ô Silvia, piranha! Ô Silvia, piranha!”

5 - E o Espetáculo Continua  - Roupa Nova

O Roupa Nova, considerado o grupo preferido das titias, se daria muito mal com a comunidade LGBT ao usar o termo 'bicha' na canção. O certo seria eles falarem homossexuais ou gays.  "Nova revista e todo mundo de olho nela. Muita corista velha. Bicha no palco e na plateia".

6 - Pobre Paulista - Ira!

Essa música do Ira!, escrita pelo Edgard Scandurra, já deu muito problema no passado, mas se fosse agora, eles certamente seriam crucificados por pregarem o bairrismo e também pela letra xenofóbica.  "Não quero ver mais essa gente feia. Não quero ver mais os ignorantes. Eu quero ver gente da minha terra. Eu quero ver gente do meu sangue".

 

Bloco 5

“Segundo os defensores do politicamente incorreto, há uma estratégia do politicamente correto que visa impedir o efetivo exercício da liberdade de expressão. Segundo eles, suas opiniões são atualmente minoritárias e não geram efeitos nocivos à sociedade. Por outro lado, os críticos dessa prática afirmam que o politicamente incorreto está relacionado ao autoritarismo e que tais discursos são oriundos de preconceitos enraizados na sociedade contra minorias. Além disso, indicam que não há real patrulhamento dessas opiniões, que são amplamente reproduzidas nas sociedades contemporâneas. Ainda segundo seus opositores, o politicamente incorreto, assim como o discurso de ódio, não deveria ser entendido como compatível com os direitos fundamentais do homem A expressão também foi utilizada, no Brasil e no resto do mundo, por grupos conservadores para se referir a um patrulhamento ideológico por parte de marxistas. Nos Estados Unidos, a expressão foi empregada na publicação do Guia Politicamente Incorreto, de matriz conservadora. “(Wikipedia)

 

IV – Samba-lelê tá doente, tá com a cabeça quebrada. Samba-lelê precisava é de umas boas palmadas. Primeiro, Samba-lelê já está com a “cabeça quebrada” e isto demonstra que também já foi vítima de uma violência. Além disso, a “cantiga” defende que Samba-lelê precisa ainda de umas boas palmadas. Mas o que fez de tão grave Samba-lelê? Isto não seria tortura? Ora, neste caso está evidenciado que Samba-lelê, aqui entendido como sendo uma criança, foi vítima de maus tratos e continua sofrendo ameaças. Assim, além de ferir a Constituição, a “cantiga” viola também o Estatuto da Criança e do Adolescente.

07 - Money for Nothing - Dire Straits

Mark Knopfler explicou repetidamente que a música foi escrita do ponto de vista de uma pessoa estúpida que faz comentários ignorantes e presume que os músicos ganham “dinheiro para nada”. Na verdade, as letras são baseadas em comentários da vida real de entregadores que trabalham em uma loja de departamentos de Nova York reclamando de seus empregos enquanto assistem à MTV. Aqui estão algumas das letras:

“Você toca violão na MTV. Isso não está funcionando, é assim que você faz.  Dinheiro para nada e suas garotas de graça.../ Veja a bicha com o brinco e a maquiagem. Sim amigo, esse é o cabelo dele. Aquele viadinho tem seu próprio avião a jato. Aquele viadinho, ele é milionário.”

08 –Stranglehold - Ted Nugent

Misoginia e muita violência contra as mulheres? Ted alegou que isso era apenas parte de sua atuação e que as pessoas não deveriam interpretar as letras ao pé da letra.

“Peguei você em um estrangulamento, baby. É melhor você sair da frente... / E se uma casa ficar no meu caminho, baby / Você sabe que vou queimá-la... / Eu tenho você em um estrangulamento, bebê.  / É melhor você confiar no seu destino... / Eu tenho você em um estrangulamento, bebê. / Naquela noite eu esmaguei seu rosto.”

09 - Killing an Arab - The Cure

Com um título tão abertamente controverso, esta música é frequentemente interpretada como sendo racista, o que não é nenhuma surpresa. Desde o início da música, a letra é imediatamente provocadora e perturbadora. De vez em quando, há um furor de pessoas que não entendem que ela é baseada em um livro clássico chamado O Estrangeiro, de Albert Camus. Mas sem esse contexto, é fácil ficar assustado.  Há uma passagem em que o personagem principal reflete sobre o vazio da vida depois de matar um homem na praia por motivos que nem ele consegue explicar, e a música é sobre alienação e existencialismo. Lol Tolhurst, ex-membro do The Cure, explicou: “Era sobre alienação e existencialismo - coisas mais relevantes para nós então. Obviamente, os eventos das últimas duas décadas mudaram a percepção do significado da música. Devo acrescentar totalmente erroneamente, já que não tem nada a ver com racismo ou assassinato.”

“Em pé na praia, com uma arma na mão, olhando para o mar, olhando para a areia, olhando para o cano, para o árabe no chão. Eu posso ver sua boca aberta, mas não ouço nenhum som. Eu estou vivo, eu estou morto, eu sou o estranho, matando um árabe.”

 

Bloco 6

Com exceção de “Terezinha de Jesus”, estão completamente desvinculadas do projeto constitucional de construção de uma sociedade justa livre e solidária, fundada na cidadania e dignidade da pessoa humana. (arts. 1º e 3º, CF). Além disso, em outros casos, é clara a desvinculação das “cantigas” com legislações mais específicas, a exemplo da proteção à criança, mulheres e meio ambiente.”

V – A canoa virou, por deixar ela virar, foi por causa da “fulana” que não soube remar.

Novamente, a voz do comando acusa a “fulana” de não saber remar e causar o naufrágio da canoa. Assim, a “cantiga” responsabiliza sem direito à defesa e ao devido processo legal.

7- Lôrabúrra - Gabriel o Pensador

Considerado por muita gente um verdadeiro pensador, Gabriel pegou pessado com a música "Lôrabúrra". Além de fazer muitas loiras inteligentes quererem pintar o cabelo, a letra é extremamente ofensiva por usar os termos 'cadela' e 'mulher-objeto'.

"À procura de carros. À procura de dinheiro. O lugar dessas cadelas era mesmo no puteiro".

8 - Matador de Passarinho - Rogério Skylab

Que ele é crazy todo mundo sabe, mas Rogério Skylab passaria por uma situação bastante constrangedora com os ativistas do PeTA e com os veganos, que certamente exigiriam uma explicação sobre essa música.

 "Aqui tem tanta Andorinha, Cambaxirra, Quero-quero, Rouxinol e Juriti que servem de tiro ao alvo para espantar o tédio e o vazio do existir. Matador de passarinho".

9 - Robocop Gay - Mamonas Assassinas

Um tanto quanto másculo / Com M maiúsculo / Vejam só os meus músculos / Que com amor cultivei / Minha pistola é de plástico / Em formato cilíndrico / Sempre me chamam de cínico / Mas o porquê eu não sei...

 

Bloco 7

“No Reino Unido, no que ficou conhecido como o escândalo de exploração sexual infantil de Rotherham, os funcionários tiveram medo de atacar uma rede pedófila paquistanesa por receio de serem acusados de racismo ou preconceito. Os denunciantes, como Jayne Senior e Sarah Champion, foram perseguidos e o problema ignorado. Relatórios subseqüentes estimam que 1400 crianças foram vítimas desta rede, de 1997 até 2013. No tratamento jornalístico posterior de acontecimentos semelhantes, deixou de ser usado o termo "gangues de muçulmanos" ou "paquistaneses", substituído por "gangues de asiáticos", um termo bastante lato e pouco preciso. Uma associação Sikh insistiu que os média e os políticos deixassem de descrever as gangues da rede de Rotherham como "asiáticos", dado o termo ser demasiado vago e deslustrar outras comunidades.”  (Wikipedia)

“VI – Marcha soldado, cabeça de papel! Quem não marchar direito, vai preso pro quartel.

Primeiro, a voz do comando humilha o soldado ao chamá-lo de “cabeça de papel”. (Bullying?) Em seguida, viola os princípios da legalidade e do devido processo legal ao determinar a prisão do soldado pelo simples fato de “não marchar direito”, ou seja, se não é crime “marchar errado” não pode também ser preso autoritariamente quem assim age. Além disso, mesmo que fosse crime, a Constituição garante a todos os acusados o direito à ampla defesa, contraditório e devido processo legal. (Art. 5º, LV, CF).”

10 -I Shot the Sheriff - Bob Marley

Bob Marley só queria seguir com sua plantação (de maconha) em paz, mas o xerife não deixava. Resultado? Ele atirou no cara, mas juuura que foi em legítima defesa.

”Eu atirei no xerife, mas não atirei no deputado (...) / Todos perto de minha cidade natal / Eles estão tentando me derrubar / Eles dizem, eles querem colocar a culpa em mim / Por matar um deputado / Pela vida do deputado (...) / Eu atirei no xerife / Ma eu juro que foi em autodefesa / Eu atirei no xerife.”

11 – Mongoloid – Devo

Não faz muito tempo, as pessoas acometidas da Síndrome de Down, recebiam a pecha de mongolóides, por causa da aparência com mongóis e chineses. Pessoas que não sofriam da doença também podiam ser insultadas com o termo, em razão de desatenção, imprevisibilidade, lerdeza, entre outros fatores.

Mongolóide, ele era um mongoloide. Mais feliz que você e eu. Mongolóide, ele era um mongolóide. (...) E determinou o que ele podia ver. (...) Cromossomos até demais. Mongolóide, ele era um mongoloide. E determinou o que ele podia ver”.

12 - Today Your Love, Tomorrow the World – Ramones

A música faz uma alusão ao nazismo ao conquistar o amor de uma mulher.

“Sou um soldado da cavalaria em um estupor. Sim, eu sou. Eu sou um nazista esquizofrênico. Você sabe que eu luto pela pátria. Garotinho alemão, sendo empurrado por aí. Garotinho alemão, em uma cidade alemã.  / Um, dois, três, quatro. Hoje seu amor, amanhã o mundo (...).Hoje seu amor, amanhã o mundo”.

 

Bloco 8

“VII – Vem cá, Bitu! vem cá, Bitu! Vem cá, meu bem, vem cá! Não vou lá! Não vou lá, Não vou lá! Tenho medo de apanhar.

Bom, se “Bitu” é um cãozinho, por exemplo, mais uma vez é o caso de maus tratos a um animal. De outro lado, ao recusar o convite, a impressão que se tem é que “Bitu” não vai porque já sabe que vai apanhar. Tortura continuada? Aqui resta demonstrada também a banalização de sua integridade física por parte de quem lhe chama. Se “Bitu” é um ser um humano – uma criança ou uma mulher, por exemplo – a “cantiga”, além de violar as garantias individuais, a integridade física e moral, também violaria o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Maria da Penha.”

10 - Raul Seixas – Baby

Baby / Hoje 'cê faz treze anos / Vejo em seus olhos / Seus planos / Eu sei que você quer deitar / Não / Dá ouvido à razão / Não /Quem manda é o seu coração

11 - Buceta – Velhas Virgens

 “Banguela, fedida, fudida, mas tem o que a gente quer. / Apesar dos defeitos, todas elas têm o que a gente quer. / E o que é que a gente quer? a gente quer fuder. / e o que é que a gente quer? A gente quer. b u c e t a. / Buceta”

12 - Estupro Com Carinho (1987) - Os Cascavelletes

Eu quero te estuprar / Com muito carinho / Te estuprar / Com muito cuidado / Te estuprar / Por causa da dor / Louca é tua boca / Louca é tua bundinha / Louca é tua boca / Gostosinha

 

Bloco 9

“Patrulha ideológica ou patrulhamento ideológico é uma expressão cunhada pelo cineasta Cacá Diegues, em 1978. Designa uma organização informal de pessoas unidas por laços ideológicos ou religiosos que tem por objetivo preservar o pensamento defendido por um grupo dominante, munindo-se de discursos, protestos, reivindicações e repressões pública, de maneira a impor a conduta ou pensamento ideológicos da organização.

Em agosto de 1978, o filme Chuvas de Verão, de Cacá Diegues, foi recebido com frieza pela crítica (que já tinha desancado Xica da Silva, o filme anterior do diretor). Na sequência, Diegues concedeu uma longa entrevista à jornalista Póla Vartuck, publicada no jornal O Estado de S. Paulo, sob o título "Cacá Diegues: por um cinema popular, sem ideologias", na qual denunciou as "patrulhas ideológicas". Estas seriam integradas por jornalistas ligados ao Partido Comunista Brasileiro - então clandestino - que teriam a "missão" de detratar produtos culturais não alinhados a um certo cânon considerado politicamente correto por esses grupos formadores de opinião. A polêmica que se seguiu mobilizou os meios intelectuais brasileiros da época e rendeu o livro Patrulhas Ideológicas, de Carlos Alberto M. Pereira e Heloísa Buarque de Hollanda (Brasiliense, 1980). No livro, há uma nova entrevista de Diegues, na qual ele define melhor o modus operandi das patrulhas: "O que existe é um sistema de pressão, abstrato, um sistema de cobrança. É uma tentativa de codificar toda manifestação cultural brasileira. Tudo o que escapa a esta codificação será necessariamente patrulhado".

Um exemplo do patrulhamento ideológico refere-se ao cerceamento das liberdades políticas em Cuba na década de 1960. Considerado por seus defensores como um fato secundário, em face da necessidade de se implantar e consolidar o socialismo, diante das alegadas injustiças do passado e das agressões externas, tendo como verdadeiro objetivo a desestruturação de qualquer pensamento opositor ao regime ditatorial implantado.

Alguns intelectuais e pessoas públicas, reclamaram da ação das patrulhas ideológicas, por ocasião da queda do Muro de Berlim, quando muitas ideias esquerdistas foram questionadas diante dos fatos concretos que ora apresentavam. Uma segunda forte onda de reclamos apareceu, quando do desmantelamento da URSS, sepultando muitos conceitos que haviam sido consolidados por meio da outrora imposição do pensamento ideológico do governo socialista.

Nos Estados Unidos, durante o macartismo, vizinhos policiavam-se entre si, muitas vezes uns denunciando aos outros perante as autoridades constituídas, gerando nas décadas de 1950 e 1960 verdadeiras caças às bruxas àqueles que discordavam do sistema.” (Wikipedia)

https://pt.wikipedia.org/wiki/Patrulha_ideol%C3%B3gica

VIII – Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré, marré, marré. Eu sou pobre, pobre, pobre, de marré de si. Eu sou rica, rica, rica, de marré, marré, marré. Eu sou rica, rica, rica, de marré de si.

Evidente que uma nação é composta de ricos e pobres, mas a “cantiga” demonstra a soberba e discriminação de uma “menina rica” e, de outro lado, a aceitação de sua condição de pobre por outra menina, como se fosse isso um fato natural. No entanto, consta dos objetivos da República: (i) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e (ii) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (Art. 3º, III e IV, CF).

13 -  Sweet Leaf -  Black Sabbath

O autor declara explicitamente seu amor por uma certa folha. Nos dias de hoje esse amor é cada vez mais explícito e não causa mais espanto.

“Minha vida estava vazia e deprimente / Até que você me levou, para dar uma volta. / Minha vida agora está livre, minha vida está clara / Eu te amo erva doce, apesar de não poderes me ouvir. Vamos lá, experimente. Pessoas honestas não entendem, o que você pensa. Eles te humilham e te excluem. Você me deu uma nova fé. E logo o mundo te amará, erva doce”.

* Erva Doce = pseudônimo para maconha.

14 - My Ding-A-Ling - Chuck Berry

Na música, Berry conta que ganhou de sua avó um brinquedinho que era sinos de prata suspensos por uma cordinha chamado ding-a-ling. Fica claro o duplo sentido intencional da letra, que associa o brinquedinho ao pênis do cantor, sendo objeto de atenção e cuidados mais que especiais.

“Uma vez eu estava nadando através do riacho da tartaruga, muitos pargos (espécie de peixe) ao redor de meus pés. Com certeza foi difícil nadar cruzar aquela coisa com as duas mãos segurando meu ding- a-ling. /Meu ding a ling, meu ding-a-ling. Eu quero brincar com meu ding-a-ling.”

15 - Suicide Solution - Ozzy Osbourne

A música, por causa de sua letra forte, causou muitas controvérsias por ter sido acusada de fazer apologia ao suicídio motivado pelo alcoolismo incontrolável. Segundo ao site Whiplash "Suicide Solution" não trata sobre suicídio como pensa a quase totalidade (inclusive os fãs de Ozzy Osbourne). A música trata sobre alcoolismo e foi escrita por Ozzy quando o vocalista do AC/DC, Bon Scott, morreu de coma alcoólico. A palavra "solution" do título é "solução" no sentido de "mistura" e não no sentido de "resposta". A tradução correta seria "mistura suicida" se referindo ao álcool. Apesar disso, "Suicide Solution" foi acusada de gerar suicídios de jovens”.

Leia mais em: https://whiplash.net/materias/traducoes/004654-ozzyosbourne.html

“Agora você vive dentro de uma garrafa. O Anjo da Morte está viajando a toda velocidade. Ele te captura mas você não vê. O Anjo da Morte é você, o Anjo da Morte sou eu, violando as leis, batendo portas. Mas não há ninguém em casa. Fiz sua cama, deitei sua cabeça, mas você deita e geme. Onde se esconder, suicídio é a única saída. Será que você não entende sobre isso?”

 

Bloco 10

IX – Atirei o pau no gato-to-to mas o gato-to-to não morreu-reu-reu. Dona Chica-ca-ca admirou-se-se do berro, do berro que o que o gato deu: miauuuuuu.

A tentativa, ao que parece, era mesmo de matar o gato com uma paulada, mas o gato não morreu para admiração da Dona Chica, que é omissa e apenas assiste à cena macabra. Assim, além de banalizar a vida do gato e demonstrar um comportamento cruel, o texto da “cantiga” não está de acordo como o artigo 225 e seus incisos da CF, que defende o direito de todos ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

13 - Sweet Little Sixteen - Chuck Berry

Pequena e doce de 16 / Ela tem corpão violão / Vestido apertado e batom / Ela veste sapatos de salto alto /

Oh, mas amanhã de manhã / Ela vai ter que mudar a tendência / E ser doce aos dezesseis / E volta em classe novamente

 

14 - You Can't Do That (1964), Beatles

John Lennon e Paul McCartney arrependeram-se de algumas das letras misóginas dos Beatles - mas, ao mesmo tempo, Lennon disse mais de uma vez que batia em mulheres. Uma indicação disso talvez fossem as letras em tom de ameaça, como esta que critica uma mulher por falar com outro homem.

“Eu tenho algo a dizer que pode lhe causar dor /  Se eu pegá-la falando com aquele garoto novamente / Eu vou decepcioná-la / E deixá-la chateada / Pois eu já lhe disse / Você não pode fazer isso”

 

15 - Walk On The Wilde Side -  Lou Reed

Holly veio de Miami, Flórida / Atravessou os EUA pegando carona / Depilou as sobrancelhas no caminho / Raspou as pernas e então ele virou ela / Ela diz: Ei, querido / Dê um passeio pelo lado selvagem / Ela diz: Ei, amor / Dê um passeio pelo lado selvagem

 

 

 

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http://www.justificando.com/2014/12/18/9-cantigas-de-roda-em-confronto-com-constituicao-federal/

Gerivaldo Neiva é Juiz de Direito (Ba), membro da Associação Juízes para a Democracia (AJD), membro da Comissão de Direitos Humanos da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) e Porta-Voz no Brasil do movimento Law Enforcement Against Prohibition (Leap-Brasil)